Por Elson Rodrigues
A doutrina bíblica da separação tem duas vertentes. A primeira é no sentido de que o crente deve se separar do pecado. Não é sobre essa vertente que procuramos falar neste artigo. Queremos falar da vertente relativa à separação eclesiástica que deve haver entre toda igreja realmente bíblica e séria e toda pessoa, grupo, associação, aliança, denominação e instituição que ande como o mundo, que viva desordenadamente, que seja herege, que não traga a doutrina de Cristo ou que pregue um “outro evangelho” ou um “outro Jesus”, como a Igreja Católica Romana (e seu falso evangelho de salvação por obras), como a igreja com propósitos (e seu falso evangelho humanista) e como as igrejas neopentecostais (e seu falso evangelho da prosperidade).
Atualmente, tem sido bastante comum o apelo neo-evangélico que diz algo como “vamos todos nos amar e viver em comunhão, porque o mais importante é o amor”.
O grande problema é o contexto em que esse tipo de afirmação é feita. Se for dentro de uma igreja realmente bíblica e em relação a irmãos que ordenamente vivem uma viva fé e em obediência verdadeira ao Senhor Jesus Cristo, esse tipo de afirmação é válido. Contudo, esse tipo de afirmação vem sendo usado por neo-evangélicos desobedientes à sã doutrina, com o claro pretexto de deixar de lado uma das mais importantes doutrinas bíblicas, que é a doutrina da separação, e para se associarem a não crentes, hereges, apóstatas e toda sorte de filhos do diabo.
A Palavra de Deus é claríssima quando repudia todo tipo de comunhão ou associação entre crentes e ímpios. A questão não é de que nós, os crentes verdadeiros em Jesus Cristo, sejamos melhores do que as demais pessoas. Sabemos que não somos. Sabemos que a diferença é que fomos alcançados pela graça de Deus e que nascemos de novo. Mas a verdade é que Deus não quer que seu povo seja contaminado pelo mundanismo e pelas heresias. Sempre foi assim. O povo de Israel tinha expressa orientação para se separar dos pagãos que o cercavam. As igrejas locais têm expressa orientação para que se mantenham separadas do mundo e de quem, se dizendo irmão, se comporta como sendo do mundo.
Deus resgatou para si, com seu próprio sangue, uma geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido (1 Pedro 2: 9). Esse povo adquirido é chamado a ser santo, a ser separado do mundo e de quem, se dizendo irmão, se comporta como sendo do mundo.
Será que Deus quer que sua nação santa, que sua geração eleita e que seu povo adquirido ande em alguma espécie de comunhão com o mundo? A resposta bíblica é cristalina. Deus nos manda que não nos associemos com os infiéis e nos manda que saíamos do meio deles.
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor;E não toqueis nada imundo,E eu vos receberei;
E eu serei para vós Pai,E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” (2 Coríntios 6: 14-18)
Isso já derruba a mentira neo-evangélica no sentido de que o importante é só o amor. A verdade é quem ama ao Senhor guarda os seus mandamentos. Quem diz que o importante é só o amor, mas não obedece a Palavra de Deus, não está verdadeiramente vivendo em amor. É amor só de retórica. A separação do povo de Deus é doutrina bíblica e, portanto, deve ser observada.
Não devo me associar com infiéis. Mas isso basta? Devo me associar com irmãos que vivem desordenadamente? Outra vez a resposta bíblica é de clareza meridiana. Deus nos manda que nos apartemos até mesmo de irmãos que vivem desordenamente.
“Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.” (2 Tessalonicenses 3: 6)
Não devo me associar com infiéis e não devo me associar com irmãos que vivem desordenamente. Mas isso basta? Devo me associar com quem não traz a doutrina de Cristo e com os hereges? Devo me associar com quem prega um “outro evangelho” ou um “outro Jesus”? Mais uma vez a Palavra de Deus é clara. Não devemos sequer saudar quem não tem a doutrina de Cristo. Basta saudá-los para que tenhamos parte em suas obras. Quanto aos hereges, devemos deles nos afastar. Quanto aos pregam um “outro evangelho” ou um “outro Jesus”, sejam anátemas.
“Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.
Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.
Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.” (2 João 1: 11)
“Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o” (Tito 3: 10)
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gálatas 1: 8-9)
Amados irmãos, não precisamos inventar nada. Não temos que ficar pensando sobre como devemos agir em relação aos infiéis, aos crentes que vivem desordenadamente, aos que são hereges, aos que não trazem a doutrina de Cristo e aos que pregam um outro evangelho e um outro Jesus. Não importa o que achamos melhor ou pior, porque “não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor” (Provérbios 21: 30). Temos apenas que reconhecer que a doutrina da separação é bíblica e obedecer.
O enfraquecimento espiritual e o mundanismo estão grassando nas igrejas justamente por que, há algumas décadas, muitas igrejas deixaram de lado a doutrina bíblica da separação e passaram a agir como se igreja fosse ajuntamento de santos com ímpios, passaram a pensar, inclusive sobre o erro doutrinário grave, algo como “ele crê errado, mas para mim tudo bem”. A doutrina bíblica é fundamental. Não podemos nos associar, sequer minimamente, com aqueles que divulgam e defendem heresias de perdição, como o ecumenismo, seja ele assumido ou disfarçado.
Infelizmente, as igrejas estão deixando de lado a doutrina bíblica da separação e aceitando o engodo neo-evangélico que diz algo como “não importa se ele segue doutrina errada. O que importa é o amor. Vamos todos nos amar, porque isso é o que importa”. Se doutrina não fosse importante, a Bíblia poderia ser jogada no lixo. A verdade é que os neo-evangélicos e até mesmo muitos membros de igrejas evangélicas tradicionais não suportam mais a sã doutrina (entre elas a da separação) e estão dando ouvidos a falsos mestres, a cegos que conduzem outros cegos à perdição.
O mau exemplo: o que ocorreu com o povo de Israel quando não obedeceu a ordem de separação e foi se prostituir com os gentios?
O bom exemplo: lembremos de Daniel que, mesmo estando sob jugo do Rei de Babilônia, manteve-se separado da contaminação do mundo. “E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar” (Daniel 1: 8).
E você? Vai acolher a doutrina bíblica da separação, inclusive em termos eclesiásticos?
Muito bom o artigo!
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