Por Elson Rodrigues
Rick Warren, pastor da Igreja de Saddleback, influenciado pelo “Movimento de Crescimento de Igrejas”, lançou o livro denominado “Uma igreja com propósitos”. Milhares de pastores em diversos países, entre os quais o Brasil, têm sido treinados por meio de seminários e outras formas a implantar em suas igrejas locais os métodos de Rick Warren. Isso, por si só, já seria preocupante, porque é evidente, ao menos para o crente que conhece as escrituras, que toda a palavra de Deus já está revelada na Bíblia e que Deus não tem plano de levantar nenhum novo profeta mundial para disseminar métodos às suas igrejas locais. Mas parece que isso não vem sendo considerado. Muitos pastores e igrejas, a maioria na maior boa-fé, estão sendo enganados por essa heresia chamada “Igreja com Propósitos”.
Mas o que é a “Igreja com Propósitos”?
A expressão em si já causa problemas. Afinal, haveria alguma igreja verdadeira que não tenha propósito? Seria possível que as igrejas locais do Senhor Jesus Cristo não tivessem propósito? É óbvio que não. Estamos falando da sã doutrina, que claramente estabelece o propósito das igrejas locais. Esse propósito é glorificar a Deus por meio do Senhor Jesus Cristo.
“Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo;” (Efésios 1: 12)
Há muitos outros versículos que atestam que o propósito das igrejas locais é a glorificar a Deus por meio do Senhor Jesus Cristo, como: Romanos 15: 6 e 9; Efésios 1: 5-6, 14 e 18; Efésios 3: 21; 2 Tessalonicenses 1: 12; 1 Pedro 4: 11.
Se a Bíblia é clara quanto a haver um propósito para a igreja e é clara ao definir esse propósito, qual seria a finalidade de um livro chamado “Uma igreja com propósitos” e de um movimento chamado “Igreja com Propósitos” ?
Se fosse enaltecer e defender o propósito da igreja, tudo estaria bem. Mas é claro que não é isso. Se fosse, o título estaria óbvio demais.
Claro está que a finalidade desse livro e desse movimento não está em enaltecer o propósito bíblico das igrejas locais, porque, se assim pretendessem enaltecer, outro seria o título, porque a existência de um propósito para as igrejas locais é algo óbvio. É justamente aí que se revela o grande equívoco desse movimento. O movimento encabeçado por Rick Warren não está focado no propósito bíblico da igreja. O que fica claro ao estudarmos o movimento é que o foco não é no propósito, mas sim nos métodos a serem utilizados para alcançar o propósito.
A condução ao engano aos crentes desatentos começa com a enumeração dos propósitos que Rick Warren aponta como sendo os propósitos de igreja. Os propósitos apontados são: reunir, edificar, adorar, ministrar, evangelizar.
Todos são propósitos verdadeiramente bíblicos e são sub-propósitos decorrentes do propósito principal, que é glorificar a Deus por meio do Senhor Jesus Cristo. Mas então, se os propósitos enunciados são bíblicos, qual seria o engano a que estão sendo induzidos os pastores e igrejas que adotam o modelo de Rick Warren?
Vamos responder. Mas antes vamos fazer um paralelo com o crime de moeda falsa previsto na legislação penal brasileira. Pela lei brasileira, a falsificação de moeda (cédulas ou moedas de metal) é crime punido com reclusão. Mas há um detalhe muito importante. Para que realmente haja o crime, a falsificação tem que apresentar semelhança com o dinheiro verdadeiro, de modo a ser capaz de induzir ao engano um número indeterminado de pessoas. A razão disso é que uma cédula grosseiramente falsificada não conseguirá enganar nem mesmo uma criança. Assim, uma cédula grosseiramente falsificada não representa perigo. Mas quando a cédula falsificada tem realmente aparência de uma cédula verdadeira, aí sim há o perigo do engano. O diabo age do mesmo modo. O diabo é ardiloso e procura introduzir heresias nas igrejas por meio de “cédulas com aparência de verdade”. A igreja com propósitos é uma dessas cédulas com aparência de verdade, mas que não tem como resistir ao confronto com a Bíblia, apesar de estar enganando muitos pastores e igrejas bem intencionados.
A Bíblia diz:“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;” (1 Timóteo 4: 1)
Não pensemos que isso é um mal que somente pode ocorrer na casa alheia. Devemos vigiar para que essa praga não se alastre em nosso meio. É profecia bíblica. É algo que vai acontecer e que está acontecendo, com 100% de certeza, justamente por se tratar de profecia bíblica. Rick Warren e seus seguidores estão apostatando da fé e dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.
Voltemos a falar dos princípios da igreja com propósitos. Como vimos, são sub-propósitos decorrentes do propósito principal, que é glorificar a Deus por meio do Senhor Jesus Cristo. Mas então, se os propósitos enunciados são bíblicos, qual seria o engano a que estão sendo induzidos os pastores e igrejas que adotam o modelo de Rick Warren?
A turma de Saddleback enuncia princípios corretos, dando aparência de “moeda verdadeira”, para encobrir os métodos não bíblicos utilizados, que negam a sã doutrina e pervertem o verdadeiro evangelho. O problema não são os princípios, mas sim os meios utilizados para supostamente alcançá-los. O problema está no pragmatismo. Todavia, com Deus, o fim não justifica os meios.
Deus disse a Ezequiel “...profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor”. (Ezequiel 37: 4)
Aqui temos um ensinamento que, infelizmente, a igreja com propósitos não confia e não confia mesmo. O que Deus mandou que Ezequiel fizesse? Deus mandou exclusivamente que Ezequiel pregasse a Palavra do Senhor. Deus mandou que Ezequiel dissesse aos ossos secos que ouvissem a Palavra do Senhor. Deus não mandou a Ezequiel que confiasse na música para fazer viver os ossos secos, Deus não mandou a Ezequiel prometesse aos ossos secos que a vida deles seria maravilhosa, Deus não mandou a Ezequiel que convencesse os ossos secos com base na habilidade pessoal de Ezequiel, Deus não mandou a Ezequiel que criasse redes de liderança com base em princípios da Administração moderna, Deus não mandou a Ezequiel que este pensasse com a mente dos não-crentes, Deus não mandou a Ezequiel que evitasse falar do inferno, do pecado e da necessidade de arrependimento, Deus não mandou a Ezequiel que tentasse manter as pessoas na igreja por meio de relacionamentos pessoais, Deus não mandou a Ezequiel que implantasse programas como o CR, cuja origem é no ocultismo, Deus não mandou a Ezequiel que trocasse bancos por cadeiras ou poltronas, Deus não mandou a Ezequiel que tirasse a reunião da igreja temporariamente de um lugar e mudasse para outro, Deus não mandou a Ezequiel que usasse música que agradasse aos não-crentes. Deus não mandou que Ezequiel fizesse nenhuma dessas inutilidades acima descritas e que são todas utilizadas pela igreja com propósitos. Deus mandou a Ezequiel apenas que este falasse a Palavra de Deus aos ossos secos.
E por que Deus fez assim? É bem simples. Ninguém será verdadeiramente convertido com base em manipulação, emoção a partir de história tristes, música como a que o mundo gosta (Rick Warren admite expressamente que assim é a música em sua igreja e também declarou: “o rock é o principal estilo musical que escolhemos para usar na nossa igreja.”) ou habilidades especiais do pregador, redes de liderança com base em princípios da Administração moderna, pensamento com a mente dos não-crentes, omissão sobre o inferno, o pecado e a necessidade de arrependimento, relacionamentos pessoais, programas como o CR. Essas coisas podem conduzir a falsas conversões, podem produzir bodes que procuram a igreja em busca de entretenimento, mas não produzem conversões verdadeiras, não produzem ovelhas dispostas a encontrar prazer pura e simplesmente no evangelho, pura e simplesmente em obedecer a Deus. A única coisa – e não há exceção – que pode levar a uma verdadeira conversão é a pregação da Palavra de Deus com a atuação do Espírito Santo sobre o ouvinte. Vejamos a prova de que somente a pregação da Palavra de Deus pode trazer conversões verdadeiras:
“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10: 17)
Se observarmos como Jesus e os apóstolos pregavam o evangelho, vamos notar que é pura e simplesmente pela Palavra de Deus. Não tinha nenhuma espécie de ambiente preparado ou de manipulação humana. Se confiarmos em qualquer coisa que não seja a Palavra de Deus, como habilidade do pregador, música, ambiente emotivo, CR, pequenos grupos, redes de liderança, etc, não estaremos observando o que Deus de nós espera.
A única forma de ocorrer uma conversão verdadeira é o ouvir a Palavra de Deus.
Quem dá a vida, quem faz o Espírito Santo entrar no coração de pessoa, tornando-a regenerada (João 3: 3) e nova criatura (2 Coríntios 5: 17) é Deus. Da mesma forma que o espírito (com letra minúscula, como está no texto de Ezequiel) entrou no corpo daqueles ossos secos e a eles deu vida terrena, é o Senhor, por meio do Espírito Santo (agora com letras maiúsculas), quem traz a fé e o arrependimento ao homem e o regenera, o faz nascer de novo para a vida eterna. Não nos esqueçamos de que a salvação é pela graça e é dom de Deus. Logo, em nada depende de nós. É 100% mérito de Deus. Não depende de nenhum método humano. Igreja não é empresa. Os métodos de Deus não incluem pesquisa com não-crentes e administração como se empresa a igreja fosse. Tudo é feito e providenciado por Deus, que nos dá a fé e o arrependimento e nos faz nascer de novo. Isso é muito importante, porque nos deixa claro que não adianta tentarmos forçar conversões. Ela vem do Espírito Santo ou simplesmente não acontecerá, por mais que nossos anseios sejam no sentido de que a pessoa que nos ouve seja salva. Lembremo-nos: somos apenas mensageiros do Senhor, apenas vasos de barro que guardam um tesouro. A salvação procede do Senhor. Não adianta usar iscas. Jesus não usava. Os apóstolos não usavam. O homem está morto em suas ofensas e pecados e não vem a Deus pelas das iscas da igreja com propósitos. Ou Deus traz o homem ou este não virá a Cristo. Deus não precisa de nenhuma porcaria de isca. É demência teológica achar que Deus depende de iscas preparadas pelo homem para converter alguém. Se o homem vem atraído por música que lhe agrada, então deveríamos também oferecer álcool e outras drogas na igreja, para atrair os que gostam disso, bem como deveríamos oferecer pornografia na igreja para atrair os que adoram a pornografia. É preciso entender que a música na igreja não tem finalidade de atrair ninguém, mas sim louvar a Deus, agradar a Deus e ensinar doutrina. Use música carnal e você encherá a igreja de ímpios que ali estão pela música, e não pelo amor a Cristo e ao evangelho. Jesus nunca contextualizou o evangelho. O evangelho é o que é e não admite contextualização – é inflexível – é aceite morrer com Cristo para o mundo ou vá conscientemente para o inferno.
O único que pode realmente realizar a obra é o Espírito Santo.
Nos versículos 7 e 10 de Ezequiel 37, vemos Ezequiel dizendo que profetizou como Deus lhe deu ordem. Aqui está outro princípio, que é a obediência.
Ezequiel não inventou nada. Ele simplesmente cumpriu a ordem que recebeu do Senhor.
Quando pregamos o evangelho, o que deve ser considerado como central em termos de obediência?
Obediência, quando relacionada à pregação do evangelho, não significa apenas cumprir a ordem que temos para levar o evangelho às almas perdidas. É uma questão de confiança no poder de Deus – no evangelho – e de renúncia a métodos que contrariem a Bíblia. Comer com os pecadores não significa pensarmos como eles para os atrair para o evangelho ou modificar a igreja para torná-la agradável ao não-crente. O evangelho não pode ser modificado ou facilitado para que consigamos mais conversões. Se usarmos métodos não bíblicos, como omitir a necessidade de arrependimento ou como usarmos música do mundo, não estaremos sendo obedientes. Quem procura usar métodos não bíblicos não confia na única arma válida e realmente poderosa para converter o pecador, que é a Palavra de Deus.
“Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;” (Efésios 6: 17)
Métodos não bíblicos podem fazer a pessoa levantar a mão e ir lá na frente. Podem fazer a pessoa até dizer que “aceita Jesus”, como se Ele precisasse ser aceito por alguém e como se a salvação não fosse 100% dada por Deus. Contudo, métodos não bíblicos não levarão o pecador a se arrepender e a crer. Se não formos obedientes e não confiarmos na Palavra de Deus, não estaremos servindo a Deus como Ele quer.
A questão, portanto, não se resume a enumerar propósitos afinados com a Bíblia. Se a turma de Saddleback faz isso, mas usa métodos não bíblicos, não está atuando de forma a ter como finalidade a honra e glória do Senhor. Com Deus não é vale tudo. Além disso, ao longo deste estudo, veremos que Rick Warren usa de forma distorcida até mesmo os propósitos que enumera.
Com Deus importa obedecer. Se haverá resultados – conversões verdadeiras –, isso cabe somente a Deus. É Ele quem sopra a vida nos ossos secos. Nós somos apenas mensageiros. Temos de levar a mensagem. Não temos de inventar nada. Se usarmos métodos que não são bíblicos, não estaremos fazendo a vontade de Deus, não importa quais sejam os propósitos. Nossa obrigação não é converter ninguém, não é salvar o mundo, não é encher o prédio da igreja de gente. Nossa obrigação é amar a Deus acima de todas as coisas, e isso inclui não usar métodos não bíblicos. O dono da vinha é Ele, nós somos apenas ramos da videira. Ele manda, nós obedecemos. Quando, quanto e se a videira vai frutificar é com o dono da vinha.
Se eu usar métodos não bíblicos, o resultado provavelmente não será bom. Prédio cheio de gente não é sinônimo de vontade de Deus satisfeita e não é sinônimo de conversões verdadeiras. O uso de métodos não bíblicos está enchendo os prédios das igrejas de joio, de pessoas que estão ali porque gostam da música tipo rock, porque gostam do evangelho macio e omisso que é pregado, aquele que não fala do pecado, que não mostra o homem como uma criatura vil e inimigo de Deus. Mas não há salvação sem arrependimento e não há arrependimento sem que se entenda que se é um vil pecador e merecedor da condenação ao inferno. Não há salvação sem que seja operada a “...tristeza segundo Deus que opera arrependimento para salvação” (2 Coríntios 7: 10).
Vá a uma reunião de igrejas neo-pentecostais. O prédio pode estar cheio. São crentes verdadeiros em sua maioria? Ou são idólatras que acham que Deus existe para servi-los e lhes dar bênçãos materiais? Não estamos dizendo que a igreja com propósitos pregue o maldito e falso evangelho da prosperidade, mas afirmamos que prega outro tipo de falso evangelho, que é o evangelho humanista, centrado no homem, do tipo que não ofende o “buscador sincero”. Definitivamente, prédio cheio não é sinônimo de sucesso no agradar a Deus, mas pode ser apenas sinônimo de que os métodos daquela igreja são agradáveis aos não-crentes. Afinal, não podemos nos esquecer de que Rick Warren, antes de fundar Saddleback, fez uma pesquisa de mercado para saber o que os não crentes não gostavam em uma igreja e também diz que devemos pensar como os não crentes. Vamos ainda tratar com detalhes dessas heresias.
Encher o prédio de gente é fácil. Quanto mais eu “mundanizar” a igreja, quanto menos eu falar do pecado e da necessidade de arrependimento, quanto mais eu procurar manter as pessoas na igreja por meio de relacionamentos pessoais (você já percebeu a lavagem cerebral que é feita nas igrejas que adotam o modelo de igreja com propósito acerca de relacionamentos pessoais?) e não somente pela fé e pelo amor a Deus, quanto mais eu usar métodos centrados no humanismo e vindos do ocultismo, como o CR, mais cheio ficará o prédio, porque o homem do mundo não quer as coisas de Deus, ele quer o mundo. Mas a Bíblia diz:
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tiago 4: 4)
Da mesma forma, quanto menos eu incomodar o mundo, quanto menos eu falar sobre a necessidade de arrependimento (indispensável para a salvação) e de santificação (esta não para salvação, mas sim para agradar a Deus como fruto de seu amor por nós), mais confortáveis os bodes se sentirão no meio do verdadeiro rebanho. O problema é que a quantidade de bodes vai crescer, e a de ovelhas vai diminuir. Afinal, o amalgama da igreja com propósitos não é a fé, mas sim os relacionamentos pessoais, como ocorre em um clube, associação, etc. É por isso que Rick Warren recomenda a lavagem cerebral a ser feita com grande freqüência acerca da necessidade de relacionamentos pessoais. É por isso que, nas igrejas que adotaram o modelo de Saddleback, fala-se muito mais em relacionamentos pessoais do que em santificação. Nessas igrejas, você vai ouvir muito sobre “vamos nos relacionar” ou “vamos nos conectar”, mas vai ouvir muito pouco sobre pecado, sobre inferno, sobre a santidade de Deus, sobre a ira de Deus, sobre a necessidade de arrependimento e sobre doutrinas da regeneração, da salvação, da justificação, da redenção, do pecado e da santificação.
Os relacionamentos pessoais na igreja são muito desejáveis sim, mas são mera conseqüência do relacionamento com Deus. O que mantém o crente firme da igreja é o relacionamento com Deus, é a fé, é a mão do Senhor. É Ele quem opera em nós tanto o querer como o efetuar (Filipenses 2: 13). Jesus disse:
“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14: 26)
Lendo esse versículo, como pode um crente achar que a igreja deve ser construída sobre relacionamentos pessoais? Repetimos. Não somos contra relacionamento pessoais entre os irmãos. Isso é saudável, maravilhoso e provem verdadeiramente do Senhor, pois somos membros de um mesmo corpo. Mas os relacionamentos pessoais jamais poderão ser a base da igreja. Podem ser a base de um clube, mas nunca de uma igreja.
O que se pode concluir disso é que Rick Warren enumera propósitos realmente bíblicos e com isso disfarça o uso de métodos não bíblicos. Nosso foco na análise da igreja com propósitos não deve estar nos propósitos apresentados, mas sim nos métodos utilizados pela igreja com propósitos. Rick Warren enumera os propósitos como mera cortina de fumaça, para esconder sua verdadeira obra, que é ensinar aos pastores e às igrejas o pragmatismo desenfreado e o uso de métodos não bíblicos, bem como conduzir à religião mundial, necessária ao surgimento do anticristo. O fato de um livro conter conteúdo parcialmente correto não significa que todo o conteúdo seja correto e não significa que a verdadeira finalidade – ensinar métodos não bíblicos – seja correta. Ninguém beberia um copo que contivesse 90% de água e 10% de urina. A urina contaminaria toda a água. “Um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gálatas 5: 9). Como exemplo, um livro que defenda a doutrina da Igreja Católica Romana certamente dirá que Deus é o criador e que Jesus é o Filho de Deus, mas isso faz com que a doutrina da ICAR seja correta à luz da Bíblia? Não nos deixemos enganar pela parte aparentemente correta das teorias de Saddleback. Talvez, a intenção da maioria dos pastores e igrejas que estão adotando o modelo seja boa. Mas, certamente, há um terrível engano e muitas heresias.
O verdadeiro evangelho – a única forma de verdadeiramente alguém vir a Cristo – está sendo trocado pelo pragmatismo. Os adeptos da igreja com propósitos pensam que eles podem desenvolver e aplicar métodos que levarão à conversão de pessoas. A igreja com propósitos, em verdade, é foco no método, como se algum método diferente da pura e simples pregação do evangelho pudesse interferir na conversão de uma pessoa. O problemas deles é claramente de deficiência teológica, de não entendimento de que há somente uma coisa que pode converter (converter verdadeiramente, com regeneração, fé e arrependimento, não esse absurdo de considerar crente verdadeiro todo aquele que “levantar as mãos, aceitando Jesus”): a atuação do Espírito Santo pela pregação pura e simples do verdadeiro evangelho.
Os adeptos da igreja com propósitos (muitos sendo enganados e outros enganando) pensam que a conversão verdadeira de alguém depende ou pode ser influenciada pelo uso de métodos humanos, como o tipo de música e até mesmo o tipo de lugar em que se está sentado (vão ao ponto de recomendar a troca dos bancos dos salões das igrejas por poltronas/cadeiras). Na ânsia por fazer pessoas levantarem as mãos “aceitando a Cristo”, como se a conversão verdadeira dependesse de um levantar de mãos, em vez de um coração sinceramente crente e arrependido, os adeptos da igreja com propósitos vão mais longe. Eles esvaziam o evangelho, deixando de pregar a depravação total do homem, a doutrina do pecado, a santidade de Deus, a justiça da condenação, as terríveis conseqüências do pecado, a inevitável ida para o inferno daqueles que não crerem e se arrependerem, a necessidade de reconciliação com Deus, o arrependimento. Eles falam apenas da fé e do amor de Deus. Eles não pregam o arrependimento. O culto é transformado em um show, sendo muitas vezes construídos verdadeiros palcos nas igrejas (fico imaginando Jesus, Pedro ou Paulo pregando sobre esse tipo de palco, ou Jesus dançando, mexendo o corpo ao som da bateria e das guitarras da igreja com propósitos. Você convidaria Jesus para fazer isso?). Eles não pregam o arrependimento, mas a Bíblia é clara: sem arrependimento não há salvação (Mateus 4: 17; Atos 3: 19; Lucas 13: 3 e 5; Atos 17: 30-31 e mais dezenas de outros versículos). Não pregam a depravação total do homem e o arrependimento, porque não querem ofender o buscador sincero. Mas deveriam saber que o evangelho é realmente a exposição da podridão humana e da santidade de Deus, sendo que ninguém jamais virá a ser verdadeiramente convertido se não se entristecer grandemente pelas ofensas que fez e faz a Deus. Como pode uma pessoa que entendeu a gravidade do pecado e que se arrependeu não se entristecer com o que fez? Não há salvação sem que se opere a “tristeza segundo Deus” (Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte – 2 Coríntios 7: 10) e sem arrependimento (Mateus 4: 17; Atos 3: 19; Lucas 13: 3 e 5; Atos 17: 30-31 e mais dezenas de outros versículos).
A igreja com propósitos mutila o evangelho. Gosta muito de falar da graça e do amor de Deus, apresentando apenas a parte fácil do evangelho, aquela que o mundo adora: “Deus te ama e quer te salvar”. Omite a parte dura do evangelho: “você é um pecador e a ira de Deus estará sobre você enquanto você não crer e se arrepender”. Bate palmas para todo mundo e diz que todo mundo é especial para Deus, mas não mostra a verdade: o homem é um pecador repugnante que merece apenas ser condenado ao inferno, porque é inimigo de um Deus absolutamente santo. Não há como realmente entender a graça e o amor de Deus sem que se entenda a depravação total do homem, o pecado, a santidade de Deus, a justiça da condenação ao inferno. Não há como entender a beleza da cruz do Senhor Jesus Cristo sem que antes se entenda a gravidade do pecado do homem. Somente entende o amor de Deus quem antes entende a justiça da condenação. Somente vai se arrepender quem verdadeiramente entender a justiça da ira de Deus, para que então possa entender o tamanho do amor de Deus, manifestado no sangue do Senhor Jesus. Somente vai entender a graça e o imenso amor de Cristo aquele que entender que a ira de Deus está sobre ele em razão de seu pecado.